segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Lugar

Actualmente é raro ir ao fet, principalmente porque tenho pouco tempo mas também porque valorizo mais o contacto pessoal. Não quer isso dizer que abandonei o bdsm, apenas que me encontro mais ausente. NEM deixei de ser quem sempre fui. O que vivi não foi apenas uma fase, foi uma tentativa de realizar-me.

Se tivesse de escolher um lugar em bdsm, sem dúvida, que seria o de submissa mas...não tenho, pelo menos por agora. Não tenho de partilhar com o mundo quem sou, deixo isso apenas para quem merece conhecer-me. Não tenho de me colocar em situações que me são desconfortáveis, nem das quais me possa arrepender. Como kinkster continuo no meio, continuo presente mas...não esperam que me comporte como sub, até porque...prezo muito a minha vontade, o meu prazer. Não é para isso que cá andamos? Para ser felizes?

Mudar o meu "estatuto" de sub para kinkster foi uma decisão ponderada, foi tomada ao perceber que depois de tudo o que havia entregue, de tudo o que me foi sugado, não tinha nada para entregar, não tinha nada para partilhar além da mágoa e da amargura. Com o tempo vou-me retomando e, quem sabe, um dia voltarei a ser a sub que fui ou...ainda melhor.

Por isso acho piada que, mesmo com as fotos que continuam no meu perfil, mesmo com o texto que o acompanha...haja quem me tome por "dona/senhora". Não, esse nunca será o meu lugar, simplesmente porque nunca fez parte de mim.

"Torna-te aquilo que és" já dizia o meu velho amigo Nietzsche.

domingo, 12 de outubro de 2014

Imagem



Há uns dias reparei que tinha desaparecido a imagem do blogue e...fiquei triste, foi como se tivesse perdido um pouco de mim... Lembro-me do processo de criação do blogue, e, particularmente, da criação e escolha da imagem para acompanhá-lo... Que saudades desse tempo!

Procurei em todos os sítios que me lembrei e não encontrei nenhuma cópia e por isso substituí por esta. A corda tinha de estar presente...

Felizmente hoje...por sorte, reencontrei a cópia da imagem original e por isso...estou contente! Volta a ser ainda mais o meu blogue!

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Psicopatas


Porque em bdsm também os há...há que ter muito cuidado com quem escolhemos para fazer de nós "pessoas melhores".


Segundo Marisa de Abreu, psicóloga, "o psicopata - termo do uso comum para o Transtorno de personalidade Anti-Social - costuma apresentar uma aparência muito inofensiva mas é antes de tudo um agressor que pode ferir tanto com palavras como com seus actos. As agressões costumam ser subtis, pois normalmente o psicopata é muito inteligente.
Mesmo durante os períodos em que não ocorre violência física, apenas verbal ou moral, a pessoa agredida vive tensa e assustada devido às tácticas de terror psicológico por parte do psicopata.
Normalmente o que mantém estes relacionamentos são uma série de crenças disfuncionais que acabam “ajudando” o sociopata, como por exemplo “A culpa é minha, eu fiz ele(a) me agredir”, “A responsabilidade de manter a família unida é minha, portanto eu devo aguentar”, “Eu jamais conseguiria sobreviver sem ele(a)”.


Sou dominado por ele (ela)

Esta é uma frase comum emitida por pessoas que convivem com um psicopata: “Sou um peão na mão dele” (ou dela). O que é ser um peão? É se deixar levar pela conversa daquela pessoa com aspecto de santa, que chega dizendo palavras bonitas, até tristes que encantam, mas depois de um tempo essa pessoa te atropela.
Costuma ser aquele que chega bonzinho dizendo que te ama, mas depois que tiver sua confiança poderá não cumprir as promessas, como por exemplo não aparece, te trai, ou até se torna agressivo, diz desaforos e você pensa “ele não era assim”.
Não significa que todas as pessoas que tiverem este comportamento são psicopatas, não se assuste nem se adiante em considerar patológico alguém que tiver reacções fortes em dados momentos de sua vida, muitas vezes a pessoa está passando por um período de instabilidade emocional, mas esta instabilidade pode ser trabalhada em psicoterapia e há muita probabilidade desta pessoa melhorar em muito seus comportamentos e sentimentos.




Psicopata - Sociopata - Anti-social

Este texto não tem nenhuma intenção de assustar as pessoas que possam estar convivendo com psicopatas mas de mostrar que muitas vezes alguém pode estar se culpando por relacionamentos que não dão certo mas a culpa não é sua e sim deste companheiro (a) que pode apresentar um comportamento deturpado - pois simplesmente eles se consideram os melhores em tudo, são donos da razão e da verdade.
Este texto é voltado para as pessoas que convivem com o psicopata. São estas as pessoas que sofrem, são elas que entram em depressão, e o pior, muitas vezes não conseguem se livrar desse personagem da vida delas.
Você deve estar se perguntando “O que? Quem é que convive com um psicopata e não percebe que ele/ela é prejudicial?” Eu te respondo: A maioria, porque o psicopata consegue ser envolvente.
Lembram do caso da Eloá, a menina que foi assassinada pelo namorado que “a amava”, se você não se lembrar especificamente deste caso, vai lembrar de outros casos de amor e são muitos parecidos, ..e uso a “amor” palavra colocando entre aspas, porque isso não é amor. Muitas vezes as mulheres estão tão envolvidas que, apesar de já terem até sofrido agressões físicas algumas vezes continuam o relacionamento. Porque uma pessoa que apanha do outro continua a conviver com ele? Muitas vezes a surra é física, outras a surra é emocional. Porque esta outra pessoa é muito envolvente! Diz coisas que é até gostoso de ouvir. Diz que vai ser diferente, que ele vai mudar, que ele está se esforçando, só que na prática não acontece nada.




Comportamento do psicopata

O psicopata tende a ser muito ciumento e possessivo. Como tem muita gente que confunde ciúmes com amor, acaba se deixando levar, acha que se o outro está tão preocupado, se fica ligando para saber onde está, com quem, que horas volta, e algumas pessoas acabam achando que isso só pode ser amor. Isso pode encantar a pessoa. “olha como ele me ama”. Muitas vezes não é amor, é posse. E sentimento de posse é muito diferente de amor.
Nem todo psicopata é um assassino, mas muitas vezes ele pode ser aquela pessoa que te suga, te deixa até fraco, sem resistência! Se faz de vítima, você fica com dó dele. Mas vamos e convenhamos, se ele é simpático, é charmoso e manipulador fica difícil de entender.
O psicopata pode ter dois extremos... ou é a pessoa que nunca tem dinheiro para nada e se bobear você acaba pagando todas as contas dele, ou ele é muito bem sucedido financeiramente. É bem sucedido porque sabe levar todo mundo no bico.
O psicopata muitas vezes não admite que errou. A culpa é sempre do outro. E faz as pessoas se sentirem culpadas. Se você convive com um psicopata, sem saber que é esse o perfil dele, é possível que você já tenha se redimido de muita coisa que você não fez. Ele te convence que foi você que o provocou, que foi você que errou, que você só faz asneiras.
No ambiente de trabalho ele costuma ser muito simpático, é amigo de todo mundo. Mas não leva muito tempo ele chama alguém de canto e começa a soltar boatos.. começa a falar das pessoas , ele tem certeza que fulano é falso, que está roubando a empresa, mas ele é o bonzinho, ele quer o bem da empresa e dos amigos, mas é ele que está espalhando esses boatos, falsos.
Se você falar algo íntimo seu, cuidado! Porque ele pode usar a sua informação, aquela que você contou em confidência, ele usa contra você mesmo, para te manipular.
O psicopata pode ser agressivo, e não tem remorso. Pode dizer coisas absolutamente cortantes, e continuam se achando cheio de razão. Ele quer tudo de você, você vai dando, porque ele é tão charmoso, carente, te elogia tanto, você se sente tão valorizada.
Incoerente nas informações que fornece sobre ele mesmo, ou se conta uma coisa que não bate muito com as outras, por exemplo, ela diz que tem 10 anos de experiência numa empresa, só que essa empresa só existe há 5 anos; ou se só fala coisas muito superficiais, informações fracas que não te ajudam conhecê-lo; ou se ele diz coisas muito fantásticas sobre ele, normalmente ele conta um currículo excepcional, fala idiomas, é formado pela melhor faculdade, mas você nunca viu um amigo dessa faculdade, nunca viu o diploma, veja se você percebe que ele tem conhecimento nessa área que ele diz que se formou, diz que é engenheiro, veja se ele sabe usar termos de engenharia, mas cuidado porque muitas vezes ele escorrega feito sabão, e vira o jogo, diz que você é que é impertinente perguntando coisas chatas.
Veja se ele é do tipo “pavio curto”, estoura, grita, é impulsivo, nunca pensa antes de agir. E depois diz que foi você que provocou, ele diz que é só você não provocá-lo que ele não estoura, ou seja , a culpa é sua.
O psicopata gosta de status, ele quer desfrutar do bom e do melhor, mas, muitas vezes, não quer pagar, dá até um jeitinho para demonstrar que se sente mal por você pagar todas as contas,
Veja se essa pessoa que te faz de peão na mão dele te convence que o mundo é injusto com ele, que ninguém consegue compreende-lo, todo mundo o persegue, todo mundo tem inveja dele,
Como eu disse, nem pense em ligar para mim e marcar consulta para essa pessoa. Ele vai achar que você o está perseguindo também .
Claro que não é possível fazer um diagnóstico apenas observando informalmente, toda pessoa com algum transtorno psicológico só terá o diagnóstico depois de devidamente atendida por um psicólogo ou psiquiatra.


Ajuda

Caso não consiga lidar sozinho com uma pessoa difícil em sua vida procure ajuda profissional, um psicólogo lhe orientará quanto a reconhecer suas reais necessidades e capacidades para que você consiga entender e até sair desse relacionamento se for necessário."


Para mais informações é só pesquisar na net, não faltam estudos, testes, relatos...mesmo atingindo "apenas" a taxa de 0.5% a 3% da população em geral. 


domingo, 5 de outubro de 2014

Às morenas


"Morena"
Tiago Bettencourt

Vestido vermelho

O momento iniciou com a depilação, chata mas necessária, quer esteticamente, quer psicologicamente. O corpo sem pelos aumenta a confiança. O incómodo arrancar do pêlo, a presença das marcas na minha pele, as memórias de outras vezes...a dor presente, o prazer futuro. 
O banho, os cremes, o colorir as unhas, a maquilhagem, o pentear (ou o quase não pentear)... Ir observando o reflexo no espelho, vê-lo transformar-se e cada vez mais...o achar atraente. 

Enfrente a outro espelho, um último olhar ao corpo ainda nu, pode não ser grande coisa, mas é o MEU corpo e, de alguma forma, dá-me gozo cuidar dele. Gosto do brilho do creme na minha pele. Gosto do meu olhar. 
Finalmente o vestido vermelho acaricia-me a pele, puxo o fecho nas costas, levanto a cabeça e procuro novamente o reflexo. Como me irei sentir ao ver-me dentro do vestido que escolhi, especialmente, para o momento? Gosto! Quem encontro também sou eu. As sandálias, pretas e de salto alto, e os acessórios complementam a imagem que quero transmitir: segura e...provocante.

Pela primeira vez não calço meias e, ao entrar para o carro, gosto de ver as minhas pernas desnudadas, na medida em que o vestido sobe quando me sento. Sobe mais do que esperava, mostra mais do que tinha em vista. Ainda bem que o decote não é pronunciado. Sinto-me sexy sem cair na vulgaridade. Quando me levanto puxo o vestido para baixo, de uma forma aparentemente espontânea, no entanto pensada. Sinto os olhares em mim e caminho segura na minha feminilidade. 

O vestido, ou o efeito do vestido em mim, aproxima-me dos outros, como se fosse uma espécie de desbloqueador de conversa, sem, no entanto, alguma vez ser mencionado. Por exemplo, nunca antes me alertaram tantas vezes seguidas para os malefícios do tabaco, era acender um cigarro e lá vinha alguém (leia-se gajo) comentar o meu vício. Uns por oposição, outros por solidariedade, mas, quase todos, pouco interessados na minha saúde. Até F, que raramente fala comigo, se aproximou para perguntar como correra a viagem... Sim, o vestido é uma boa companhia.

Gosto de ter vontade de me exibir para alguém em especial mas, às vezes, exibir-me para o mundo também pode ser excitante. Saber que consigo chamar a atenção, provocar reações e afastar-me, como se fosse imune às mesmas. Como se fosse, porque não o sou. Na realidade alimento-me delas, mesmo quando escolho não alimentá-las.

Porque às vezes um pequeno passo mantém-me no caminho certo, estou contente por agora possuir um vestidinho vermelho.