quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Encoleirar

Como submissa que sou, se há algo que desejo é...ostentar uma coleira. Sim, tal como a noiva deseja a aliança no anelar esquerdo também eu desejo a coleira. Ser encoleirada é o reconhecimento da entrega de ambos na relação, o Dom reconhece a sub como sendo SUA sub, e aceita todas as responsabilidades, e a sub reconhece o Dom como sendo seu Dono e entrega-se a ele.

A coleira física é a demonstração da que ambos carregam na alma e na mente, a que verdadeiramente une Dono e sub. Eu posso sentir que pertenço ao meu Dom e carregar essa coleira dentro de mim mas...se a carregar sozinha, apenas por vontade própria, não posso dizer que sou uma sub encoleirada.

A coleira não significa promessa ou esperança na entrega mas antes o reconhecimento da que já ocorreu. A coleira celebra o caminho que já foi feito, a confiança conquistada, e o respeito alcançado. Reflete as provas dadas de obediência e devoção da sub e a  integridade e o compromisso do Dom.

Colocar uma coleira não é algo que se faça de ânimo leve, ela representa a união, a partilha de valores, a aceitação dos limites (que podem ou não a vir ultrapassados!), um companheirismo saudável e equilibrado. É necessário uma grande cumplicidade e complementaridade para se colocar/aceitar uma coleira.

Mas não entendo o momento do encoleiramento como o culminar da relação! Não! A relação não estagna, cresce ainda mais! A entrega da sub será incondicional, confiará cegamente no seu Dono, porque sabe que ele cuidará dela e a protegerá, pois é responsável pela sua própria vida. Esse é o compromisso inerente à coleira. Essa é a coleira que anseio!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Corpo

Tenho sentido o meu corpo como já não o sentia há algum tempo. Não sei se é por causa do frio e da chuva, consequência da trovoada (que adoro ver e ouvir!), se é por andar a acordar mais cedo...não sei. Mas algo o despertou.
 
Hoje, principalmente, parece que não tenho controlo sobre ele e tudo me parece excitar. O simples roçar da roupa, um toque casual e...meus mamilos despertam ainda mais! Mesmo os seios parecem-me maiores e mais firmes, quer no reflexo do espelho quer no toque. A minha libido também aumentou, sinto a energia que impulsiona a vida a crescer dentro de mim, e o néctar que dela nasce.
 
O desejo começou há uns dias, como um murmurinho, e tem vindo a aumentar de intensidade. Não tenho outra opção senão satisfazê-lo. Minhas mãos são as minhas aliadas neste momento. A minha mente...bem...não sei se é a minha mente que comanda o corpo ou...se é o corpo que comanda a mente! Mas que estão em sintonia não duvido.
 
Percorro o meu corpo inconscientemente e acaricio-o onde me dá mais prazer. Só me apercebo quando sinto um arrepio a passar por mim. Sorrio! E depois, já conscientemente, volto a acariciar-me. É bom! Insisto e uma sensação de bem-estar apodera-se de mim, da minha alma e do meu corpo. Sossego mas...apenas por uns instantes!
 
Não sei que se passa mas gosto da forma como meu corpo me está a dar prazer. A dar ou a pedir, não sei! Sei apenas que estou pronta para o receber e, embora já sejam horas de dormir, acho que vou continuar a  usar as minhas mãos mais um bocadinho.

domingo, 23 de outubro de 2011

Cinzenta? Não!

Mais um Domingo! Desta vez cinzento mas...só está cinzento lá fora porque eu estou bem colorida! Ser livre é ótimo, poder fazer o que me apetece...ainda melhor! Já me tinha esquecido desta sensação! Aos poucos começo a recuperar tudo o que é meu e cada vez é mais fácil!

Os amigos não são a minha âncora mas a minha tábua de salvação! Não me levam ao fundo e, como me conhecem bem, sabem como me tirar do poço onde estive presa! Hoje preparam-me uma surpresa...estou ansiosa por descobrir... Sinto-me em pulgas...como há muito não sentia.

Vou-me preparar porque hoje quero estar no meu melhor, não pelos amigos, não por quem possa aparecer na minha surpresa mas...por mim! Agora tudo o que faço...faço-o por mim! Porque quando se fecha uma porta...muitas janelas se abrem e há uma, em particular, que me interessa que abra mais um bocadinho!

sábado, 22 de outubro de 2011

Decisão

Há momentos em que me sinto entre a espada e a parede e tenho de decidir se me deixo ficar, sabendo que a espada vai continuar a trespassar-me lentamente, ou se faço um último esforço para impedir que o sofrimento continue.
 
Eu sei que à medida que a espada passa pelo meu corpo a dor vai ser cada vez mais acutilante. Não posso ficar à espera que a morte chegue para acabar com o meu sofrimento, tenho de agir. Se vou morrer ao menos que seja com orgulho, sentir-me-ei mais tranquila se souber que fiz tudo para continuar viva. Eu mereço respeito até no momento da morte.

Olho para o meu carrasco e não consigo perceber o que pensa cada vez que desliza a espada um pouco mais para dentro de mim. Não sei se a situação lhe dá prazer ou se simplesmente cumpre o seu dever, mas sei que vai continuar e nada do que eu diga o vai fazer parar. Talvez até se reveja como o meu salvador, talvez pense que preciso de morrer para depois poder ressuscitar das cinzas e ser uma pessoa melhor. Mas independentemente do que ele pensa ou sente a vida é minha, sou eu quem sente a dor, e sou eu que tenho de acabar com o sofrimento.
 
Num rasgo de lucidez, e com as forças que ainda me restam, consigo libertar as minhas mãos e tento afastar a espada. Não consigo. O carrasco tem mais força que eu e não se deixa mover pelo meu último esforço, continua irredutível. Percebo que independentemente do que eu faça vou morrer e por isso...agarro na espada e com toda a convicção puxo-a para dentro de mim. A lâmina corta-me as mãos, o sangue começa a escorrer, sinto-me fraca mas não a largo. Inspiro fundo e dou o golpe de misericórdia. 
 
Meu coração, que antes estava agitado, acalma-se e de repente deixo de sentir dor. Fecho os olhos e abraço o momento. Sou de novo livre.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Felicidade

Há já algum tempo que me sinto um ponto de interrogação. Quero avançar no caminho mas parece-me que não saio do lugar. As dúvidas são constantes e as certezas que daí surgem levam-me para campos extremos. A maior dúvida é sobre quem sou, sou uma baunilha submissa ou uma submissa abaunilhada? A única certeza é que quero ser feliz!
 
É na minha felicidade que tenho vindo a pensar nos últimos tempos. Não quero apenas momentos de felicidade, quero poder dizer que sou feliz, mesmo com as coisas más que acontecem, mesmo com as dificuldades que tenho de ultrapassar, mesmo com os sacrifícios que tenho de fazer... Quero poder deitar-me com vontade de acordar no dia seguinte, adormecer pacificamente sem perder horas a analisar o meu dia, as minhas decisões e a tentar encontrar respostas para as minhas dúvidas.

A minha felicidade depende da paz e tranquilidade interior que consigo alcançar. A submissão só faz sentido se me proporcionar esse sentimento de calma e se for fonte de prazer (para servir por obrigação já eu tenho muita gente). Na felicidade não há lugar para dúvidas ou inquietações. Ser feliz é viver num estado de plenitude e satisfação, é estar bem comigo mesma.
 
Se quero ser feliz tenho de evitar o que ameaça o meu sossego mesmo que essa atitude me deixe me pouco mais vazia!

Consensual

Um Dominador disse-me que na submissão não há lugar ao consensual, ser submissa é confiar no caminho que o outro escolhe para nós, sem questionar, sem duvidar, o meu único direito é servir e fazer da vontade do outro a minha própria vontade. Se imponho limites não me estou a submeter, não me estou a entregar toda como devo e a relação não funciona. 

Das primeiras coisas que aprendi quando comecei a pesquisar foi a importância do SSC - São, Seguro e Consensual (mesmo no RACK - Risk Aware Consensual Kink (Kink Consensual com Consciência do Risco) o consensual está presente) e percebi que se nem sempre se pode garantir os "s" (porque os acidentes acontecem!) o consensual é obrigatório e deve ser sempre um limite. 

Eu não estou à espera que o Dominador, que eu escolhi para me guiar, me peça opinião sobre tudo, e muito menos que peça autorização para determinadas práticas...Não é isso que quero dizer, tenho plena noção de quem comanda a relação e decide o caminho. Mas todas as decisões devem ser tomadas a pensar em mim também, na pessoa que sou.

Imaginemos que o Dominador adora práticas com agulhas e que eu tenho fobia às mesmas. Eu até sei que o meu medo é irreal, que as agulhas não me vão matar mas...só de olhar para elas o coração dispara, a respiração torna-se difícil...e eu só quero fugir. É um limite que imponho à partida mas até sei que gostava de eliminar o medo que sinto pois ajudaria bastante nas colheitas sanguíneas a que terei de me sujeitar no futuro (sem falar no prazer que daria ao outro!).

Imaginemos que conversamos sobre o assunto e permito que o Dominador use agulhas em mim. Espeta a primeira e eu continuo serena, espeta a segunda, a terceira...mas com a quarta eu começo a ficar agitada, o meu medo começa a crescer e não o consigo controlar. Para mim a prática terminava aí. Não foi um limite ultrapassado mas da próxima vez talvez consiga ir mais longe. Se o Dominador continua a insistir só vai fazer com que o meu medo cresça e a confiança que depositei nele sai fragilizada. Se lhe peço para não voltarmos a tentar nos próximos dias e ele insiste em fazê-lo no dia seguinte então a minha confiança decresce ainda mais. Se o volta a fazer contra a minha vontade começa a perder também o meu respeito e o meu medo não desaparece mas agrava-se.

Saber que tudo o que acontece entre mim e o dominador é consensual é o que permite que a confiança cresça e que entregue cada vez mais ao outro. Eu sei que muitas vezes serei manipulada para agir em conformidade com os desejos do Dominador mas, para mim, ser bem dominada é não me aperceber de quando estou a ser manipulada. Se o Dominador conseguir fazer com que eu pense que a vontade de usar agulhas é minha...excelente! Limite ultrapassado, venha o próximo!

Não, não posso prescindir do consensual (mesmo que às vezes o mesmo tenha sido manipulado!). É ele que permite que a minha confiança e respeito pelo outro cresçam.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dúvida

Hoje é mais um dia triste! Ultimamente tenho tido demasiados dias tristes! Demasiadas perdas, umas atrás das outras!

Tenho vontade de me induzir em coma novamente! Ando há algum tempo a tentar encontrar-me e parece que cada vez me afasto mais do que sou. Sinto-me perdida, à deriva num mar de dúvidas, quero ir para um lado e maré empurra-me para outro. Porque não consigo alcançar terra firme?

Não compreendo as pessoas! Não sei se é consequência do coma em que vivi os últimos anos ou se foi por isso que me induzi em coma nos últimos anos. Refugio-me porque me magoam ou refugio-me para não me magoarem? A minha racionalidade é o meu melhor aliado ou o pior inimigo? Sou realista ou pessimista?

Neste momento sinto-me uma nulidade. Apesar do caminho que percorri parece não ter saído do lugar. Eu sei que caminhei, eu lembro-me dos passos que dei mas...quando olho para mim estou na mesma! No fundo não cresci, mantenho as minhas inseguranças, não confio nas minhas decisões, duvido do que sinto! Estive tão perto de me tornar uma pessoa diferente e melhor! E de repente volto a ser a mesma "ana" dos velhos tempos!

As emoções tolhem-me o discernimento e a razão não me permite sentir. Não consigo encontrar o equilíbrio. Quando acredito que estou no bom caminho, que finalmente encontrei o rumo certo...tudo se altera! Afinal o rumo não era o meu! O turbilhão de emoções não me deixou ver que me afastava do meu destino. Agora sinto-me mais longe, perdida no meio de um oceano, e não tenho onde me agarrar. Não sei se hei-de voltar para trás ou se devo tentar seguir em frente, à procura de um porto seguro.

Vou tentar boiar por uns tempos, recuperar forças e depois logo decido.


sábado, 1 de outubro de 2011

Perda

Hoje perdi um dos meus melhores amigos, o mais fiel! Acompanhou metade da minha existência e hoje tive de o deixar partir. Antes de sair de casa, pela última vez, olhou para mim como que a despedir-se. Quero acreditar que foi em paz sabendo que era amado.

O meu cão ainda agora partiu e eu já tenho tantas saudades! Tudo o que me deu foi de forma incondicional, nunca pediu nada em troca, dava pelo prazer de agradar, sem nunca mentir, dava simplesmente. Deu-me afeto, alegria, divertimento, companhia, força...

Inteligente e independente (nunca usou coleira!) sempre passeou sozinho e sempre regressou a casa. Por vezes ausentava-se horas de casa deixando-me preocupada mas... por fim lá aparecia todo contente, com o rabo sempre a dar a dar, mostrando satisfação. Todos os vizinhos o conheciam, sabiam o seu nome, e todos o admiravam (mesmo aqueles que inicialmente se opuseram à sua presença no prédio). Era extremamente sociável e mimalho. 

E agora? Quem me vai fazer levantar da cama nos dias tristes? Quem vem tem comigo pedindo atenção fazendo-me esquecer a tristeza? Quem me vai lamber as lágrimas? Meu cão! Partiste e contigo levaste parte de mim. Adoro-te meu cão e nunca te vou esquecer.