A Ribeira é o sítio que eu mais gosto na minha cidade! Tenho montes de boas recordações deste sítio, que é dos mais antigos da Invicta. A muralha Fernandina, as ruas estreitas e sinuosas, as arcadas sombrias, casas de outro tempo, o Cubo, as esplanadas e os bares, revestidos a pedra que lhe dão um ar distinto, tudo me é familiar! Sinto-me em casa.
Do outro lado do rio Gaia, agora melhorada, com as Caves do Vinho do Porto, os bares que se integram na paisagem e o recente Cais de Gaia, com os cafés e bares modernos e normalmente cheio de gente desinteressante.
A ponte "Dom" Luís I, uma estrutura metálica, em forma de transferidor, com dois tabuleiros que veio substituir a Ponte das barcas, uma ponte pênsil, onde aquando a investida das tropas francesas morreram mais de quatro mil pessoas.
A História do lugar, a Casa do Infante, o Cais, o Postigo do Carvão, o comércio, os consulados, a Feitoria Inglesa, o Palácio da Bolsa, a Igreja de São Francisco e as suas catacumbas...as escadas escondidas e gastas pelas gentes, pelo tempo, como as da Saudade que nos levam à Sé do Porto...todo o ambiente mágico mexe comigo...sinto-o, de uma certa forma é-me familiar!
A Ribeira frequento desde 2001, altura em que me mudei para Gaia e retomei uma velha amizade do tempo de escola...ainda hoje minha amiga. As duas costumávamos ir à Ribeira com frequência, quase todos os fins-de-semana iniciávamos a noite num bar antigo, sempre com boa música dos anos 70 e um hippie como dono. Já lá vive momentos mágicos, muito alimentei o meu espírito ali.
Ontem foi mais um momento mágico, descobri o novo Hotel Carris em pedra centenária e o ferro que lhe foi embutido mas continua dar um aspeto antigo. Espreitei pela janela da rua e desejei um dia...lá passar uma noite. Ao lado da janela a entrada para o restaurante, mais uma ruela recuperada, um caminho que também desejei percorrer um dia, romanticamente acompanhada!
Alimentei o espírito ontem, hoje estou mais forte e confiante no futuro! A Ribeira tem sempre este efeito em mim. Curiosamente só uma vez me senti deslocada lá, precisamente no meu bar preferido! Às vezes lugares especiais só merecem ser partilhados por gente especial, quando a companhia não está em sintonia...o lugar não se revela, o sentimento não acontece! Nessa noite senti-me triste e ridícula!