segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Ribeira


A Ribeira é o sítio que eu mais gosto na minha cidade! Tenho montes de boas recordações deste sítio, que é dos mais antigos da Invicta. A muralha Fernandina, as ruas estreitas e sinuosas, as arcadas sombrias, casas de outro tempo, o Cubo, as esplanadas e os bares, revestidos a pedra que lhe dão um ar distinto, tudo me é familiar! Sinto-me em casa.

Do outro lado do rio Gaia, agora melhorada, com as Caves do Vinho do Porto, os bares que se integram na paisagem e o recente Cais de Gaia, com os cafés e bares modernos e normalmente cheio de gente desinteressante.

A ponte "Dom" Luís I, uma estrutura metálica, em forma de transferidor, com dois tabuleiros que veio substituir a Ponte das barcas, uma ponte pênsil, onde aquando a investida das tropas francesas morreram mais de quatro mil pessoas. 

A História do lugar, a Casa do Infante, o Cais, o Postigo do Carvão, o comércio, os consulados, a Feitoria Inglesa, o Palácio da Bolsa, a Igreja de São Francisco e as suas catacumbas...as escadas escondidas e gastas pelas gentes, pelo tempo, como as da Saudade que nos levam à Sé do Porto...todo o ambiente mágico mexe comigo...sinto-o, de uma certa forma é-me familiar!

A Ribeira frequento desde 2001, altura em que me mudei para Gaia e retomei uma velha amizade do tempo de escola...ainda hoje minha amiga. As duas costumávamos ir à Ribeira com frequência, quase todos os fins-de-semana iniciávamos a noite num bar antigo, sempre com boa música dos anos 70 e um hippie  como dono. Já lá vive momentos mágicos, muito alimentei o meu espírito ali.

Ontem foi mais um momento mágico, descobri o novo Hotel Carris em pedra centenária e o ferro que lhe foi embutido mas continua dar um aspeto antigo. Espreitei pela janela da rua e desejei um dia...lá passar uma noite. Ao lado da janela a entrada para o restaurante, mais uma ruela recuperada, um caminho que também desejei percorrer um dia, romanticamente acompanhada!

Alimentei o espírito ontem, hoje estou mais forte e confiante no futuro! A Ribeira tem sempre este efeito em mim. Curiosamente só uma vez me senti deslocada lá, precisamente no meu bar preferido! Às vezes lugares especiais só merecem ser partilhados por gente especial, quando a companhia não está em sintonia...o lugar não se revela, o sentimento não acontece! Nessa noite senti-me triste e ridícula!

Noite de Domingo

Ora então...conclusões tiradas ontem? Na prática nenhuma! Acabei por sair era já perto das oito da noite. Apanhei o autocarro e fui até à Ribeira, ao meu bar preferido!!! Não fui sozinha, acabei por encontrar companhia e por isso a saída acabou por não ser produtiva em conclusões mas...foi produtiva em termos de conversa, desabafos e...amizade!

Foi com gosto que me arranjei, vesti-me como se fosse para um encontro com o destino...saia, meia e camisola preta...só no decote se vislumbrava um pouco de cor...a do top vermelho. Um bocadinho de maquilhagem nos olhos e...senti-me bem ao ver-me no espelho! Gostei do que vi!

Já na Ribeira jantei sob uma a vista privilegiada, a paisagem que acompanhava a outra margem do rio, as caves do vinho do Porto, os barcos que ainda navegavam, e o som de música jazz que ouvia ao fundo, um saxofone tocado por um qualquer músico desconhecido do mundo, e talvez da cidade. Não estava frio e...a companhia era boa e amiga!

Trocamos impressões, algumas confissões e a conversa fluiu normalmente, como sempre entre amigos! Depois então fomos até ao meu bar favorito e foi aí que descobri que o meu clube era bicampeão nacional! Ainda fiquei mais contente e apeteceu-me ir festejar! A minha companhia não estava virada para festas, sentia-se cansada, e assim não festejamos na rua... Continuamos a conversa num local calmo e enquanto bebíamos um chã. Foi uma noite diferente e acabei por regressar mais tarde do que pretendia!

Só na viagem de regresso...é que comecei a refletir mas...as conclusões foram poucas, a maior parte já eu as conheço há algum tempo...mesmo assim...foi uma viagem de autocarro agradável! Em casa...pensei sobre a noite, sobre o que ouvi, vi e senti e...acabei por adormecer tarde...estava agitada mas era uma agitação boa! Enquanto refletia e recordava a noite...sorria e sem motivo aparente...voltei a sentir-me poderosa e...incapaz de esconder o sorriso que sentia dentro de mim e se tornava visível no meu olhar...na minha boca!

Estou contente!



Sair ao domingo...não afasta a sorte!!!!

domingo, 29 de abril de 2012

Porque hoje é domingo

E como hoje é Domingo, um dia que ninguém desconfia...acho que vou tomar um banho, vestir-me e...sair! O Domingo é sempre um bom dia para tomar um café sozinha, num qualquer balcão de um bar... É isso que vou fazer...
 
Mais tarde escreverei sobre as minhas conclusões!

Escrita sincera...

Talvez não devesse ter escrito o post anterior...lá se vão os convites para sair e tomar café! Ando eu a tentar seguir a minha vida, mostrando o melhor de mim, tentando ocultar as fraquezas e, de repente, venho aqui e confesso-me toda! 

Mas escrever com sinceridade e honestidade foram sempre ideais que atribuí a este blogue, de que me vale escrever, colocar as minhas dúvidas se não assumir a  verdade! No que me diz respeito...não devo censurar. Escrever com a alma foi um conselho que ouvi demasiadas vezes! É isso que tento fazer!

Mais...alguns leitores que me conhecem elogiam a minha escrita e a sinceridade que demonstro, revelando os avanço e recuos do meu caminho. Não estaria a ser totalmente sincera se não assumisse também o que sinto e falasse apenas do que quero sentir, do que procuro e do que tenho feito para continuar o meu caminho!

O que escrevi no post anterior também é do conhecimento do Mestre, embora não exista propriamente diálogo...eu, de uma forma ou de outra, chego a ele. Quanto mais não seja pelas visitas que ele faz a este mesmo blogue. Sei que acompanha o meu caminho.

Só posso ou só conseguirei encontrar o rumo certo se me aceitar e aceitar também tudo o que sinto, eu sou a soma de várias partes, sou as várias "anas" que habitam dentro de mim e um dia...ambiciono chegar ao equilíbrio!

sábado, 28 de abril de 2012

Coleira (parte 3)

Noite de sábado e é mais uma passada em casa, na tal cama vazia onde termino todos os meus dias! Eu quero andar para a frente, continuar o meu caminho e...não consigo!

Por cada passo que dou...recuo dois! Pelo menos é o que sinto! O tempo passa e eu...continuo presa a alguém que não pode ser o meu Mestre! Como me posso libertar da coleira mental? Já passaram quase dois meses e eu...continuo a senti-la! Ambos decidimos que o meu caminho com o Mestre não podia continuar...mas...mesmo assim...sabendo que não há retorno possível...continuo presa!

Há duas teorias baunilhas em relação ao tempo que se demora a recuperar do término de uma relação: uma diz que é uma semana por cada mês de relação; a outra diz que é metade do tempo que a relação durou.

Prefiro a primeira porque feitas as contas...dá menos tempo! Mas isso quereria dizer que neste momento eu já deveria ter recuperado! E não é o caso! Se for a segunda a correta...ainda tenho mais dois meses de luto pela frente!

Eu sei que a decisão tomada foi a melhor para ambos, sei que mediante as opções...decidimos pela única que era viável na altura, agora e se calhar sempre! Sei que temos de seguir caminhos diferentes e separados mas...às vezes...custa tanto!

O Mestre libertou-me mas...é como se ainda lhe pertencesse! Como se ainda desejasse que ele me possuísse! E por cada passo em frente, passos ponderados, por cada conquista...sempre que penso que avancei...quando dou conta...volto ao mesmo sítio e...continuo a sentir o peso da coleira, agrilhoada a seus pés...

Quanto mais tempo tenho de esperar para ser MESMO livre? Porque continuo presa a uma coleira que já não existe?

Como tratar um ex-Dono?

Sábado e acordei cedo, o sol brilha lá fora, a dor de dentes quase impercetível e eu com tanto para fazer!
 
Ontem à noite, em conversa, surgiu uma dúvida: como tratar um ex-Dono? Durante muito tempo, enquanto a relação durou, aprendi a tratá-lo por "meu Dono" quando falava sobre ele e por "Senhor" quando falava diretamente com ele. 
 
Quando a relação terminou, durante algum tempo, ainda o tratava dessa forma quando falava sobre ele e percebi, pelos olhares e sorrisos dos outros, que já não o devia fazer. Tive de desaprender a tratá-lo dessa maneira e comecei a usar a mesma forma que os outros.

Quando falo diretamente com ele ainda o trato por Senhor e penso que, por muito tempo que passe, será sempre assim que o tratarei. Mesmo que um dia venha a pertencer a outro dono...este, que foi o meu primeiro, não perderá essa forma de tratamento.

Ontem então surgiu a dúvida: será que falto ao respeito ao tratá-lo da mesma forma que os outros? Deveria eu demonstrar mais respeito e tratá-lo de maneira diferente? Se sim...como tratá-lo então? Senhor Z? Mestre Z? Não seria um pouco incorreto da minha parte? Não estaria a criar a ilusão de que, de alguma forma, ainda algo nos une? Como deve afinal uma sub tratar o ex-Dono?
 
Eu não creio que de alguma forma esteja a faltar ao respeito. Ele trata-me como sempre me tratou e, se no início não gostava muito, hoje entendo essas formas de tratamento como demonstrações de carinho. 
 
Acho que o respeito nada tem a ver com a forma de tratamento, trato os meus pais e avós por "tu" e se há quem respeite são eles! O contrário também se aplica, já tratei algumas, poucas, pessoas por senhor/a e às quais não tinha qualquer respeito, era mais por obrigação, por imposição...porque o respeito conquista-se, tem de ser merecido. 

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Teimosia e dor de dentes

E porque hoje é sexta...espero terminar a semana melhor do que iniciei! O português tem fama de deixar tudo para a última e eu...como boa portuguesa que sou...fiz igual!

Há já uns dias que tenho tido uma "dorzinha de dentes" mas...foi preciso deixar chegar a ser uma dor enorme e insuportável para me decidir a falar com a dentista. Também o facto de ela ter o consultório em Braga e eu morar no Porto...não ajudou a que lá fosse antes. Mas depois de uns dias e noites de pesadelo, onde só faltou bater com a cabeça nas paredes...lá me decidi e liguei-lhe para marcar consulta!

Depois de explicar os sintomas...que já iniciaram em Dezembro...recomendou o tratamento e só depois a consulta! Antibiótico, anti-inflamatório mais um elixir e uma pasta de dentes especial! Não se pode ter doenças em Portugal, muito menos quando estamos desempregados e...há que pedir dinheiro aos pais! Odeio tê-lo que fazer mas...depois de tudo o que já havia tentado e experimentado para aliviar a dor não resultar...teve de ser! Mais uma vez...é coma família que posso contar. 

Daqui a quinze dias...mais uma humilhação...quando for pedir dinheiro para a consulta no dentista! Mas pronto...sub que é sub...não é menos humilhante que ter de pedir ao Dono, quando o temos, autorização para quase tudo!

Vamos lá ver se a medicação faz efeito porque...amanhã há o encontro em Aveiro e eu gostava de ir! À custa da minha teimosia já tive de cancelar algumas saídas esta semana e não queria...perder o encontro.

Agora só me resta esperar e desejar o momento em que me aperceba da ausência da dor! Sim, não sou masoquista ou teria tido uma semana excelente! 

Mas quem define muito bem esta história de dor, não-dor e ausência de dor...é a Hannah Arendt, in " A Condição Humana":
“Normalmente, a ausência de dor é apenas a condição física necessária para que o indivíduo sinta o mundo; somente quando o corpo não está irritado, e devido à irritação voltado para dentro de si mesmo, podem os sentidos do corpo funcionar normalmente e receber o que lhes é oferecido. A ausência de dor geralmente só é «sentida» no breve intervalo entre a dor e a não-dor; mas a sensação que corresponde ao conceito de felicidade do sensualista é a libertação da dor, e não a sua ausência. A intensidade de tal sensação é indubitável; na verdade, só a sensação da própria dor pode igualá-la.”

Agora só resta esperar que a dor desapareça para poder voltar aqui e escrever...o que andei a pensar ontem....

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Fotografia

As fotografias tiradas numa sessão registam, para todo o sempre, o momento. Sempre que as vejo consigo lembrar-me do que sentia no momento, do que fiz antes e depois...consigo lembrar-me e quase sentir o mesmo que senti na altura! 

Não tenho assim muitas fotos, pelo que algumas práticas não foram registadas e isso...lamento. Não pretendia fazer um portfólio mas...como estava sempre vendada durante as sessões...era uma forma de poder de facto ver o que acontecia com o meu corpo.
 
Algumas dessas fotos  estão publicadas no fet, outras, por achar demasiado...explícitas ou demasiado íntimas, nunca as publiquei, nem tenciono publicar. Não acho muita piada quando a foto nada tem a ver com bdsm, mas mais com sexo, essas guardo-as para mim! Embora me assuma como exibicionista...achei que devia apenas exibir as marcas, que na altura orgulhosamente ostentava, e depois as fotos tiradas em eventos (nestas apareço vestida, meia despida em algumas...).
 
No entanto...sendo exibicionista tirei a mim própria muita foto imprópria e fiz pequenos filmes mais ousados, que enviava para o Mestre! Pequenos mimos era o que eu lhes chamava. 

As fotos, também elas, contam a minha história na submissão, relatam a minha entrega, a do corpo e a da alma! São um bem precioso que guardo com o devido respeito e orgulho e...confesso...que muitas vezes as revejo!

Sempre gostei de fotografia em geral, nunca tive jeito para fotografar, mas...uma imagem vale mais que mil palavras!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Momentos mágicos



Zeca Afonso - Cantigas de Maio

Uma das minhas músicas preferidas de um dos meus cantores favoritos! Traz-me à memória uma noite inesquecível, há uns anos atrás, numas águas furtadas, onde dormi clandestinamente...uma noite...mágica! Que saudade desses tempos que me alimentavam o espírito!

Revolução dos Cravos

                                   
Comemora-se hoje o 38º aniversário da Revolução dos Cravos, que terminou com o regime ditatorial e permitiu a implementação da Democracia  em Portugal. É graças a este golpe de estado que hoje posso escrever o que me apetece no meu blogue tudo aquilo que sinto e penso, sem me preocupar com repercussões ou represálias. 

A única censura que possa existir...é aquela a que me sujeito na expectativa de não me expor em demasia! Não é bem censura mas sim...um cuidado extra para que mais tarde não me venha a arrepender de nada do que escrevi ou revelei sobre mim!

Porque embora seja livre...há coisas que prefiro manter guardadas no meu íntimo, pelo menos por agora, e essa mesma liberdade permite que assim seja!

Quando a revolução aconteceu eu não era ainda nascida, não sei como era viver sem liberdade, mas sei que foi graças a ela, à revolução, que hoje existo. A única coisa que me lembro é de ser ainda pequenina e ir celebrar para a rua os primeiros aniversário e de ouvir as histórias que os meus avós contavam (algumas ainda contam!).

Como diria Armstrong, foi um pequeno passo para os Portugueses e um passo gigante para Portugal!

Viva a Revolução dos Cravos, viva o 25 de Abril, viva a minha liberdade de expressão!