sábado, 7 de abril de 2012

Coleira (parte 2)

Hoje apetece-me opinar sobre um tema, alvo de algumas discussões esta semana: a coleira. 
No início só a sentia, como objeto, nas sessões, nem sequer era minha, era emprestada pelo estúdio onde decorriam as ditas sessões. Depois...bem depois, demorou cerca de um mês, é que comecei a sentir o verdadeiro significado da coleira. Já não era apenas um objeto que eu colocava no pescoço mas...algo que eu usava dentro de mim: estava na minha mente, alma e coração.

Durante muito tempo...possuía "apenas" essa coleira, sentia-a a toda a hora e honrava-a sempre. A partir desse momento...ansiava pela colocação da coleira, essa peça de couro bem cingida no meu pescoço. Pensei em comprar uma mas...isso não fazia sentido para mim! A coleira representa tanta coisa que eu...tinha de esperar que meu Mestre a quisesse colocar.

Essa coleira veio a seguir à nossa primeira "separação", ao fim de dois meses ambos achamos que seria o melhor. A entrega que o Mestre exigia era sem limites e...com tanto limite o Mestre escolheu o mais difícil eu...quebrei. A certeza que Mestre não altera o caminho escolhido por ele (até porque não gosta das coisas fáceis)...escolhemos terminar. Mas o diálogo não findou, trouxe-me paz e tranquilidade e o Mestre revelou-se preocupado comigo, pelo que passava e demonstrou-se um amigo carinhoso quase diariamente.
 
Recebo a coleira, a tal peça de couro, à entrada para o estúdio, no meio da rua. Os diálogos de amigos...marcaram-nos um encontro para conversar. O Mestre estava contente em ma oferecer mas...eu esperava um momento especial. Esperava talvez algumas palavras sobre ela, sobre a coleira. Esperava ouvir o significado dela e porque escolhia aquele momento. Mas do Mestre apenas a certeza revelada no olhar e sorriso que que eu regressaria e mais...encoleirada.

Faz hoje um mês que a minha coleira, a tal de couro, me foi retirada, após uma troca menos bonita de palavras...e ainda as tenho em minha posse. Guardo-as no mesmo sítio onde sempre estiveram, com o mesmo respeito, com o mesmo orgulho.

Quem me conhece pessoalmente...sabe que eu sou das subs que mais vezes se desencoleirou! Entre a opção de obedecer cegamente ou...pedir para retirar a coleira a minha rebeldia, teimosia e racionalidade....
Da primeira vez que tentei devolver a coleira...o Mestre ficou ofendido! Talvez por saber que, mais cedo ou mais tarde, eu voltaria a humilhar-me e pedir abrigo, como fiz.

Mas desta vez é diferente, não há retorno. Gosto muito do Mestre mas ainda não sou escrava, sou uma submissa em crescimento!


8 comentários:

  1. eu sou das subs que mais vezes se desencoleirou

    creio que estás ligeiramente confundida...
    podes "largar" o objecto mas, na realidade, a coleira está presente. a tal que eu usava dentro de mim: estava na minha mente, alma e coração.

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    1. Não estou confundida não, sei bem a que coleira me refiro! Provavelmente exprimi-me mal!

      A que foi colocada na minha essência...sempre esteve presente em mim...ainda está!

      Cada vez menos. mas...ainda luto diariamente contra o peso/sentimento dessa coleira. Mas...por muito que ela pese, que eu a sinta...a decisão foi tomada.

      Por isso tento ainda retomar o que é meu e...faço-o com esforço, ainda não é algo natural e espontâneo.

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  2. sempre esteve presente em mim...ainda está!
    e estará para todo sempre...
    porque só existe a que foi colocada na minha essência

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    1. Agora desanimei! Mas como é? A coleira que ainda sinto...nunca vai desaparecer? A sensação de pertencer a outra pessoa que não eu, a sensação de ser incapaz de voltar a entregar porque...nada possuo...não desaparece?

      A coleira, e ainda por cima estamos a falar da "Primeira", nunca desaparece totalmente?

      Também eu ando a lutar contra gigantes quando na realidade são apenas moinhos de vento?

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  3. não desanimes!
    encontra-te!
    és tu própria que dizes que a sentes.
    sabes porquê? porque é a primeira...
    é como o primeiro amor... dizem que nunca se esquece...
    ficará para sempre...
    e, daqui a nada, a sensação de pertencer a outra pessoa não será mais do que uma doce(?) distante(?) whatever recordação...
    para já... entrega-te a ti própria!

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    1. É o que tento fazer, reencontrar-me! E entregar, o que vou conquistando, a mim própria é muito bom!

      É tudo uma questão de tempo...talvez da próxima vez o acaso...não se engane.

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  4. Gostava de te continuar a ler, num texto que tenha como título a ultima frase deste...

    Beijo e força, a vida está a recomeçar

    maria

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    1. Eu também anseio o momento em que o começar a escrever!

      Não sei se recomeça ou se...começa mesma! Obrigada pela força!

      Beijo grande

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