quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A importância das coisas

Desde ontem que ando a pensar nas importância das coisas. A relatividade da importância, o que as coisas significam, o valor atribuído, depende da minha disposição mental e emocional. A mesma coisa pode ter valores diferentes, dependendo da situação, pode ser uma coisa boa, má ou indiferente para mim.

Desde miúda que sinto fascínio pelo fogo, a chama que serpenteia e dança ao toque do vento, a cor que vai-se transformando e encanta o momento e o crepitar da madeira que me embala o espírito. Lembro-me das noites de convívio passadas na praia, à volta de uma fogueira, sentada ou deitada, acordada, a sonhar, a dormir...a música que fluía, as conversas, as emoções, a partilha dessas noites...o ambiente era sempre mágico. Tenho saudades desses momentos.

Às vezes as velas também têm esse poder, também me fascinam mas...nem sempre encantam. Durante anos colecionei velas, as primeiras porque as comprei e as seguintes porque me ofereceram (faz-me lembrar uma amiga que começou a colecionar porcos por brincadeira e de repente...a casa dela é uma pocilga onde gosto de estar!). Em cada uma delas eu via uma potencial fogueira  e esperava pelo momento certo para a acender e partilhá-la.

O tempo passou e as velas ganharam mais um poder, o da cera. Além de poderem encantar pela visão agora também podem acariciar o meu corpo, libertando sensações através do seu toque quente. Fiquei viciada e troquei a fogueira pelas velas. Acender a vela dá muito menos trabalho, não precisa de dedicação, apaga-se com um simples sopro e ainda me entrega o seu mel, a cera derretida.

Durante algum tempo vivi satisfeita com as minhas velas até que...percebi que mesmo juntando todas as velas que já acendi...não conseguia fazer uma fogueira! Acho que é a parte final da fogueira que me faz falta, quando a chama esmorece, a madeira está praticamente consumida e só resta o carvão, ainda em brasa, pequenas chamas pontuais, que ainda teimem em persistir ajudadas por uma qualquer brisa, que nos faz lembrar o que já foram.

Tão especial é o momento em que se acende a fogueira, com todas as dificuldades normalmente existentes num ato por impulso, em que ela ganha vida, nasce e cresce, é o momento em que ela se prolonga, quando já não há chama mas as brasas ainda nos aquecem... O momento em que sei que ainda posso voltar a acordar o fogo, basta juntar-lhe mais madeira mas...não preciso porque à medida que ela adormece eu...sinto-me a despertar.

Por isso hoje a vela que está acesa...não me diz nada! A chama é apenas um substituto do isqueiro.

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