quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Diálogo

Metade de uma relação é diálogo, a outra metade é sentimento. Todas as relações iniciam no momento em que se estabelece o primeiro contacto verbal. Antes da palavra há apenas suposições, a ideia formada, sem certezas, que só se prova após o diálogo. As palavras transmitem e despoletam sentimentos (positivos ou negativos) e a relação nasce ou morre.

Em todas as relações o diálogo é importante (nas D/s é ainda mais!) para que se possa atingir a confiança. A primeira coisa que entreguei ao meu Dono, ainda antes de o ser, foram as palavras. Tudo o que aconteceu entre nós foi consequência do diálogo inicial e estimulado pelos seguintes.

Mas, embora eu reconheça a importância do diálogo, revelar-me por palavras é-me muito difícil (primeiro porque não estou habituada, segundo porque receio desiludir o outro), respondo com sinceridade quando sou questionada mas exteriorizar os pensamentos mais íntimos é algo que me é penoso (acho que não possuem valor para o outro, que podem ser tomados como mesquinhos, exagerados ou descontextualizados).

Com o meu Dono percebi que nenhum dos meus pensamentos é só meu, e que os devo partilhar todos, não só porque em D/s é assim exigido, mas porque ele tinha gosto em conhecê-los. Em todos os nossos encontros havia diálogo, ele disponibilizava sempre tempo para me ouvir e esclarecer. Era nesses momentos que nos dávamos a conhecer e a relação evoluía. A única coisa que lamento foi não ter questionado mais.

Não perguntar e esperar que o outro se revele é idiota, dessa forma as dúvidas mantêm-se e crescer torna-se difícil. Estar atenta ao que o outro diz, para obtermos as respostas às questões que não tenho coragem de colocar é, além de cansativo, um processo moroso. E se aceito que o outro tem o direito de me questionar não entendo porque não consigo fazer o mesmo.

Mesmo sabendo que há sempre questões às quais um Dono não responde, nada deveria impedir-me de as colocar (nem a vergonha ou o receio de parecer curiosa, pouco perspicaz, insubmissa...) e mesmo assim...muitas vezes me remetia ao silêncio, cultivando a dúvida e a incerteza.

Não posso voltar a esquecer que o Dono é o meu melhor amigo, a quem tudo posso contar e questionar, porque somos cúmplices, porque entre nós não pode haver dúvidas nem incertezas, porque entre nós só há lugar à verdade, à partilha.

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