quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Tempo


Domingo vai fazer três meses que vi o meu Dono pela primeira vez. Nessa altura não liguei muito. Vi-O passar por mim à porta do restaurante. Entrou acompanhado enquanto eu fumava um cigarro na rua. 
Foi o meu primeiro encontro com a comunidade de BDSM (já tinha conhecido dois dominadores pessoalmente mas...estar perante um grupo tem um peso diferente). Queria enquadrar-me e absorver o máximo de conhecimento.

Fui muito bem recebida pela organização do encontro. Fui apresentada a várias pessoas, conversei bastante e senti-me sempre acompanhada. Mas... daquele que viria ser meu Dono nada soube: nem nome, nem nick. Nem nos voltamos a encontrar durante a refeição, nem mesmo nos cigarros fumados clandestinamente na rua. Só O vi novamente mais tarde, já no bar/estúdio para onde fomos de seguida.

Olhei para Ele quando entrou. Não usava qualquer dress-code. Ao tentar adivinhar a sua posição (o que tive de fazer com muitas pessoas!) atribuí-Lhe a de Dominador. Mas como as pessoas eram muitas e os plays alguns, a minha mente foi vagueando pelo espaço, observando isto e aquilo, tentando me pôr no lugar de alguns, tentando perceber até que ponto me enquadrava. Não voltei a reparar no meu Dono, nem sequer dei conta de se ter despedido.

Não voltei a pensar Nele até O reencontrar no mesmo sítio onde O tinha visto pela última vez, há cerca de um mês. Eu estava junto ao bar, conversando, quando Ele entrou. Vinha bem-disposto e com vontade para conversar. Excecionalmente, nessa noite, chegou mais cedo que o habitual, o que permitiu que iniciássemos um dialogo que nunca mais terminou.

Desde o momento em que pegou na minha mão, pela primeira vez, que nunca mais a largou! Na Cruz entreguei-me pela primeira vez, na Cruz entreguei-me-Lhe da última vez!
Liberto-me das cordas que me prendiam ao mundo dos outros, sem sentido, e amarro-me cada vez mais nas Cordas do meu Senhor, que me suprimem as limitações.

O caminho não é fácil, ainda agora o iniciei, mas já dei muitos passos. As novas Cordas permitem que me sinta equilibrada... e mesmo nas passadas maiores sinto-me protegida, confiante, sinto-me bem.


Sem comentários:

Enviar um comentário