segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Virtual

O virtual é algo que ainda não entendo bem. Existe porque chega até mim mas, ao mesmo tempo, não é palpável. Tudo o que faz parte dele tem origem na realidade, embora nem tudo seja real. A Internet é ótima para procurar informações e conhecimento embora seja necessário dispor de uma boa capacidade para discernir entre o verdadeiro e o falso.

Foi na Internet que eu descobri o que sou. Até ao início deste ano andei perdida, sem rumo nem direção. Por mais voltas que desse não encontrava o meu caminho, voltava sempre ao ponto de partida (umas vezes mais forte, muitas vezes mais fragilizada). Foi no desconforto da dor (tinha sido sujeita a uma cirurgia que me obrigou a repouso) que eu procurei por mim. Foi na dor que me encontrei, descobrindo respostas ao virar de cada página Web, fui crescendo sozinha, aceitando-me cada vez melhor. 

Nessa altura recorri a muitas das ferramentas que a Internet dispõe para contactar com várias pessoas virtualmente, conheci muitos nicks, vários pseudo-egos, (muitas pessoas auto-intitulam-se algo mas...no fundo, no fundo, algumas não têm a certeza de o ser e outras sabem não o ser), conversas interessantes, outras sem sentido, outras ainda ofensivas. Um novo mundo à distância de uma tecla! Mas foi no real que encontrei as respostas mais completas para as minhas questões existenciais, através de pessoas reais, com relatos de caminhadas idênticas à minha, que me elucidavam sem o saberem, partilhando comigo momentos e experiências.

Não consigo entrar de novo no virtual, diz-me muito pouco. Não quero voltar a passar pelo mesmo, a desiludir-me à medida que os diálogos avançam. Acredito que ainda vou ser feliz, duvido que essa felicidade me chegue sob a forma de "pedido de amizade", "mensagem privada" ou "comentário". Não há como olhar o outro nos olhos e ver neles o sentimento, ouvi-lo e na voz perceber o seu estado de alma, acompanhar as mãos e ver nelas o espírito, o sorriso que se abre para mim (ou não!), o cheiro que me encanta (ou afasta!)...ver a pessoa como ela é, dar-lhe espaço para se revelar para mim, tempo para me conquistar.

Quero continuar a viver no mundo real, as fantasias já não são suficientes para me alimentar a alma, o meu coração precisa do toque, a mente do estímulo, o corpo do uso.

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