quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Rebeldia

Estive a falar com amigo sobre a minha situação e necessidade de reflexão e deliberação. Expliquei, da melhor forma que consegui, a minha situação, as minhas dúvidas e certezas e a resposta dele foi: és rebelde.
Nunca escondi ter um espírito rebelde, gosto de sair da normalidade, de agir de modo diferente, de correr alguns riscos (moderados, entenda-se!). Aliás, sempre que me defini utilizei esse adjetivo.

Mas a minha rebeldia foi sempre controlada pelo meu lado racional, raramente atinjo as condições necessárias para me rebelar. Preciso de me sentir segura e ter a certeza que o que faço não terá consequências negativas, só assim o meu espírito se liberta. Nunca me esqueço que vivo em sociedade, que a mesma tem regras, nem de cumprir os meus deveres e obrigações. Ser rebelde não é o mesmo que desobediente, indisciplinada ou indócil. Ser rebelde é extrapolar os limites da banalidade.

Sendo racional, dediquei algum tempo a tentar perceber porque me sinto no limbo e a minha resposta relaciona-se com a minha insegurança. A submissão é algo novo para mim e o desconhecido sempre me assustou. Por ser um estado de ser complexo e exigente receio não estar à altura. Pela primeira vez todas as partes do meu ser (corpo, alma, mente, espírito e coração) têm de estar em consonância. Libertar-me da minha vontade não é fácil porque os sonhos e desejos continuam a surgir mesmo quando não os procuro.

As emoções também dificultam a minha decisão. Em curtos espaços de tempo sou capaz de sentir mil e uma coisas diferentes, ir de um extremo a outro, ou acrescentar mais emoções idênticas, mas não iguais (afetividade, alegria, compaixão, empatia, entusiasmo, admiração, gratidão, egoísmo, preocupação, felicidade, ciúme, inveja, esperança, orgulho, vergonha, ansiedade, paixão, ódio, paz, angústia, raiva, irritação, repulsa, medo, prazer, sofrimento, dor, plenitude, saudade, culpa, mágoa), quando antes só conhecia a resignação, o vazio e a solidão. Gerir o que sinto, identificar o que sinto não é fácil.

Nunca gostei de ser controlada, sempre evitei ter de dar explicações, argumentar ou justificar decisões. No entanto adoro ter um Dono que me controla e que quer saber tudo sobre mim, onde estou, como estou, com quem, a fazer o quê...E isso também me baralha porque ser independente foi algo pelo qual lutei e depois de conquistada a independência entregá-la assim...faz-me questionar quem sou.

Pelo que ouço e leio, quem atinge o apogeu da submissão de lá não sai, não se pode voltar atrás. Tudo o resto é pouco, tudo o resto é nada. Receio entrar num caminho sem regresso. Não sou rebelde na minha submissão, sou curiosa. Gosto de perceber o que se passa e quando isso não acontece sinto que me perco e eu já andei tempo demais perdida.

4 comentários:

  1. Já não estás a dizer "bacalhau com batatas"...

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  2. Eu quero o "bacalhau", com ou sem batatas! Mas uma coisa é querer e outra é ter condições para o comer! Há dias em que não o vejo na ementa e outros em que não vejo mais nada.

    Sempre me disseram que a caminhada era difícil mas nunca imaginei que fosse tanto!

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  3. Não compliques o que é simples.
    Vê http://carmencarmina.blogspot.com/2011/09/sabedoria-pura.html .

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  4. Obrigada pelos vídeos! Chorei e ri ao mesmo tempo...

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