terça-feira, 28 de junho de 2011

Encontro de S. João

Demorou mais de dois meses para que este encontro acontecesse. Primeiro porque o convite não era feito, depois porque eu não podia aceitar. Por fim resolvi dar uma oportunidade ao Dom em questão e porque me pareceu que se falássemos, em vez de escrever, a conversa podia ser mais esclarecedora.

A verdade é que quando iniciamos a troca de mensagens houve empatia e a vontade de conhecer era muita. O meu desejo sexual despertava finalmente e eu sentia que era capaz de tudo para o satisfazer. Escrevia bem (não suporto que maltratem o Português!), expressava-se com clareza, organizava o discurso e parecia partilhar alguns interesses. Ao fim de alguns dias a trocar mensagens o meu instinto acordou e algo me fez desconfiar das atitudes do Dom em questão. O silêncio e a ausência de respostas, o telemóvel sempre desligado ao fim-de-semana fizeram-me questionar a liberdade do Dom que mais tarde confessou ser ainda casado.

Não suporto mentiras e muito menos traições. Envolver-me com alguém que vive uma relação, seja ela de namoro ou casamento, foge completamente aos meus princípios morais. Restou-me apenas afastar, tentar ignorar o que sentia e combater o desejo. Vivi dias complicados, não consegui esquecê-lo e a vontade de falar com ele era mais que muita, deixando-me num estado de ansiedade permanente. Mas por muito que o casamento dele pudesse estar no fim não me podia intrometer e só podia esperar que me voltasse a contactar quando resolvesse a sua situação.

Depois de um longo silêncio voltou a contactar-me, afirmou que desta vez está mesmo sozinho e completamente livre. Convidou-me a ir a sua casa onde poderia comprovar que de facto vive só. Recusei. Não o conhecia o suficiente para isso, já tinha mentido anteriormente e sentia-me como se estivesse a entrar na toca do lobo... Disponibilizei-me para o conhecer num local público e neutro, trocar ideias e depois... se voltasse a confiar nele então... poderia ir a sua casa e teria todo o gosto em dormir a seus pés.

A minha recusa foi vista como rebeldia, como teimosia e ele... sentiu-se magoado por ter insistido eu recusado sempre! Pedi que entendesse o meu receio e fui obrigada a lembrá-lo que já me havia mentido antes e por isso a minha confiança nele está fragilizada. Mesmo assim acabei por quebrar algumas das minhas regras e acedi em ir ao seu encontro, num local e hora escolhidos por ele, onde a minha vontade e disponibilidade não foram tidas em conta.

O encontro ficou marcado num shopping da sua conveniência, não da minha!, e depois de informado que eu já lá me encontrava, não me perguntou onde mas ordenou-me que o aguardasse junto a uma das entradas. Quando chegou perto de mim não me cumprimentou, nem sorriu! Praticamente ordenou que o seguisse até à praça de restauração pois pretendia comer. Fez o seu pedido no balcão por ele escolhido e nem sequer perguntou se eu pretendia algo. Escolheu a mesa e sentou-se. Eu olhava para ele esperando um qualquer gesto ou sinal de simpatia ou, simplesmente, boa educação. Limitou-se a dizer que não concordava comigo, que eu era demasiado rebelde e que ele não estava habituado a isso. Literalmente disse: eu quero, posso e mando! Não tenho dúvidas que seja dominante e que esteja a habituado a isso pois não me deixou interrompê-lo nem fez pausas no seu discurso para que eu pudesse falar!

Meia hora de monólogo e eu só pensava: quem é este? Não tinha nada a ver com a pessoa com quem troquei mensagens, com quem partilhei ideias, com quem falei sobre D/s... Por fim teve de se ausentar pois tinha de regressar ao trabalho. Fiquei sozinha, estupidamente absorta sem perceber o que tinha acontecido. Pensei que talvez não correspondesse à imagem que ele teria feito de mim e que o discurso utilizado fora uma forma de me afastar...

Vim para casa, pedi para continuar a conversa pois pretendo perceber o momento. Confessou que o único motivo para agir assim foi devido à minha rebeldia... Não acho que fui rebelde, nem lhe devo obediência, não sou sub dele, sou simplesmente uma mulher pensante!
Mesmo assim o meu interesse não desapareceu, e esquecendo toda a racionalidade que me caracteriza, eu continuo com vontade de o conhecer melhor e isso... é o que ainda percebo menos!

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