segunda-feira, 11 de julho de 2011

Início IV - A primeira sessão

Paramos em frente à Cruz de Santo André e o Dom perguntou: "Estás bem?". Sim, respondi. Indicou-me as suas safewords, uma para interromper e conversar e outra para terminar. Disse-me para tirar o casaco e fi-lo sem hesitar, para tirar a blusa e fi-lo com alguma hesitação, e por fim o soutien e... lamuriei, baixinho, emitindo apenas um som que demonstrava vontade mas alguma vergonha. "Eu tiro-o." Respondeu ele, colocando-se por trás de mim e desapertando os colchetes. Ali estava eu exposta, da cintura para cima, para ele e para todos os outros que me observavam no fundo da sala, confortavelmente sentados em silêncio.

Preocupado comigo, sabendo que era a minha primeira vez, colocou-me uma venda para que pudesse  aproveitar as sensações sem ter de me preocupar com o olhar dos outros. Encostou-me à cruz, senti o corpo dele encostado ao meu, enquanto me perguntava baixinho, ao ouvido, se estava bem. Era a primeira vez, ao fim de muito tempo, que eu permitia que um Homem chegasse tão perto de mim. 

Mandou-me abrir as pernas e prendeu-me pelos tornozelos à cruz. Pegou na minha mão direita, acarinhou-a e de seguida levantou-a para me prender, pelo pulso, à cruz. Senti pela primeira vez a corda a roçar a pele, a sua textura de início macia mas que ao envolver o pulso se tornou mais abrasiva. Ouvi o som que emitia cada vez que dava uma volta para me prender e excitou-me. Depois foi a vez da mão esquerda. Estava imobilizada de livre vontade. Toda eu tremia, parecia que a qualquer momento ia perder a faculdade de me manter de pé!

Segredou-me ao ouvido que a partir daquele momento o nome dele era "Senhor", se o tinha compreendido e mais uma vez questionou o meu bem-estar. Colocou-me uma coleira e perguntou se eu sabia o seu significado: naquele momento era uma cadela.

Acariciou o meu peito e colocou molas nele. Provocou em mim a sensação a que eu tantas vezes me sujeito. Mas, de alguma forma, a mesma sensação era diferente! 
Depois foi a vez da língua sentir a pressão das molas e ser obrigada a manter-se fora do seu abrigo. Sem nada ver, ainda a lidar com a dor das molas, apenas senti a cera a cair no meu peito e gostei do toque quente da mesma. A mão dele ia me acariciando, tocando-me ao de leve o corpo ou apertando-me a carne enquanto a cera continuava a beijar-me.

Quando pensava que estava prestes a terminar, pois já tinha sentido na pele o que anteriormente tinha mencionado como o que mais gostava, senti o flogger, primeiro assinalando a presença e depois atingindo-me com mais força, aquecendo-me a pele. O som quase em simultâneo ao toque não me deixava adivinhar e sentia-o onde não o esperava. A surpresa do contacto rápido deixava-me ansiosa pelo próximo.

Já sem as molas voltei a sentir o calor da cera, pingos que se fundiam em mim, beijos ardentes que me faziam contorcer de prazer, aumentando a minha excitação, estimulando o meu corpo e mente. Não conseguia adivinhar que carícia sentiria a seguir: a da cera ou a da mão do Senhor... Novamente o flogger, agora para retirar a cera que solidificara na minha pele, um afago mais sentido, mais desejado.

Depois soltou-me da cruz, com carinho, e ordenou-me que me colocasse de quatro. Não foi fácil encontrar o equilíbrio necessário mas por fim, lá estava eu, que nem uma cadela a passear pela sala. Agora podia ver e olhava os outros com alguma vergonha, mas ao mesmo tempo orgulhosa por estar a fazer algo que nunca imaginei. O momento apelou ao meu exibicionismo, tantas vezes fantasiado e desejado nos momentos íntimos de maior perversão.

Quando acabou o passeio, retirou-me a coleira, agradeci ao Senhor e vesti-me. Regressei para junto dos que antes me observavam. Ainda tremia, nunca deixara de tremer, e precisava rapidamente de um cigarro para recuperar da excitação do momento. Conversei com o Dom que me considerou bem para a primeira vez e me deu alguns conselhos. Felicitaram-me pelo momento, pelo passo que acabara de dar e quiseram que partilhasse o que sentia.

Gostei! Senti-me bem e tive prazer em ser obediente, em me colocar à disposição do outro e do desconhecido. Adorei as sensações do corpo, o prazer físico e, principalmente, senti-me orgulhosa e submissa.

E se alcancei todo este prazer baseado só na confiança, que poderei atingir quando acrescentar o Amor?

2 comentários:

  1. As emoções que sentimos quando nos entregamos, mesmo que apenas por alguns momentos são tão fortes, que deve primeiro ser sentida sem um vínculo emocional, apenas para que possamos saber se é algo que queremos para nós mesmos.
    Estar ciente de nossos gostos e desejos, é o que permite uma entrega completa pelas razões certas, não porque acreditamos que é o que o outro quer.
    A entrega vai se tornar uma prenda maior, quando sabemos o que oferecer e sabemos por que fazê-lo

    ResponderEliminar
  2. Feliz por ler todas as emoções de uma estreia...

    Faz com que o esforço em manter o pequeno refúgio da realidade calha a pena!

    ResponderEliminar