terça-feira, 26 de julho de 2011

A dor da entrega

A entrega dói! Tanto física como psicologicamente, isso é um facto. Na minha curta experiência já senti estas duas vertentes de dor. Nem tudo é bom, nem tudo dá prazer mas a dor faz parte da aprendizagem e eu sabia-o ainda antes de começar a caminhar. É muito diferente da fantasia que vivia, onde tudo dependia da minha imaginação, onde só a minha vontade contava, que começava e terminava quando eu estipulava.

A dor física está implícita, não precisa de ser explicada. Quando a cana toca na pele e a marca...dói, quando a chibata cai repetidamente na mesma parte do corpo, quando a cera me queima, quando a minha carne é apertada, quando o meu corpo é explorado...dói. A dor faz parte da aprendizagem e eu só agora estou a aprender a lidar com ela. Ainda não a suporto muito bem e nem toda se transforma em prazer.

A dor psicológica também está muitas vezes presente. Algumas vezes relacionada com a dor física, como quando me questiono porque me sujeito à dor, porque permito que me magoem e continuo a disponibilizar o corpo para que seja usado. Outras vezes dói quando penso que já não me pertenço, que já não tenho a mesma liberdade que tinha antes, que embora possa ser totalmente independente sujeito a minha vontade à decisão do meu Dono.

Dói quando eu erro e o meu Dono não me deixa justificar, porque a minha justificação não vale de nada, o que importa é que não cumpri o que me tinha sido ordenado. Dói quando Ele entende o meu erro como desobediência, como se pretendesse desafiá-lo. Dói quando me apercebo que o desiludi e vejo a tristeza no seu olhar quando me castiga.

Há muitos momentos de dor! Quando me pede mais do que consigo entregar. Quando duvida das verdades que lhe conto, quando joga com a minha mente, quando procura libertar o que ainda guardo dentro de mim... Quando tenta chegar ao fundo da minha alma. Quando me põe à prova e testa sem eu saber. Quando exige que confie nele sem questionar.

Mas toda essa dor deixa de ter importância tendo em conta o prazer que o meu Dono me proporciona. Porque depois da dor vem sempre o prazer, o carinho, o afeto com que Ele me recebe e cuida de mim. Porque depois da dor me abraça e consola, agradecendo a minha entrega. Porque sei que me respeita e tudo o que faz é para que cresçamos juntos.

A dor está presente, sim. Está presente em mim que me dou e Nele que me recebe.

3 comentários:

  1. A dor sempre estará presente e muitas vezes latente em nosso caminho, querida.
    Basta a nós tentarmos extrair o melhor aprendizado, os melhores ensinamentos de cada percalço.

    Bjs da lua.

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  2. A Dor e o Prazer estão separados por uma linha ténue. Os meus orgasmos são intensos, custam a sair e acabam em lágrimas - sempre achei que um orgasmo era uma coisa dolorosa porque se estilhaça, explodindo, no limte do Prazer...
    Também no SM acontece isso, como eu o sinto e observo. O descobrir das fronteiras pessoais onde termina a Dor e o prazer e as combinações possiveis que dão cocktails poderosos. Mas é preciso gostar de ter Prazer e de ter Dor - senão é uma embalagem a ser usada, apenas, e isso é de lamentar. Sinto que tens crescido e amadurecido no teu caminho e que estás de mão dada com o Prazer e a Dor - continua assim, inteira, uma laranja em que as duas metades se encaixam na perfeição. Cheirosa e com muito sumo! Gosto-te!

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  3. Sim, Miss Libido, tenho crescido muito em tão pouco tempo... Não é fácil mas quanto mais difícil mas valor importa. Também gosto muito de ti e agradeço toda a ajuda que me tens dado.

    Lua, obrigada pelo teu comentário. Tento aproveitar ao máximo cada etapa do meu caminho.

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