terça-feira, 20 de março de 2012

Aprender a viver

Quando mais preciso de me sentir acompanhada é...quando mais sozinha estou! Eu sei que digo e faço coisas que ninguém está à espera, reclamo, arrependo-me e...mais tarde volto a fazer o mesmo, digo que sou forte, que não preciso de ninguém, que toda a vida habituei-me a tomar conta de mim mas...nem sempre é verdade.

É verdade que mudo muitas vezes de opinião, mas só os burros não o fazem, que peço conselhos que nem sempre os sigo, que prometo que vou mudar...mas, no fundo, sou uma pessoa inconstante, tudo depende do momento e da ocasião.

Também é verdade que estou habituada a resolver os meus problemas sozinha, principalmente os da alma e os de consciência, e tenho conseguido sobreviver. Mas...com companhia tudo é mais fácil. Odeio sentir-me sozinha.

Durante muito tempo alheei-me dos outros, achava que ninguém podia fazer nada por mim. Bolas! Nem sequer me compreendiam quanto mais me ajudarem! Depois resolvi que sozinha não sou ninguém, sou parte da sociedade e deveria integrar-me. Reencontrei amigos e dei nova oportunidade à amizade, aquele sentimento que durante algum tempo me ligou aos outros e me ajudou a enfrentar as coisas do dia-a-dia.

Tentei transmitir uma ideia de uma ana melhorada, mais crescida, mais segura. Reconquistei as pessoas e elas passaram a contar comigo para as mais diversas ocasiões. Senti que a ligação, a amizade, voltava a fortalecer e...quando precisei dos amigos...eles estavam lá!

No entanto, sou pessoa de poucas falas, quando confesso os meus problemas é porque, sozinha, já não consigo mesmo lidar com eles, não me desembaraço das teias onde me coloquei...mas, mesmo assim, não conto tudo. Há sempre uma grande parte que continua escondida dentro de mim!

Com a amizade mais forte e praticamente restabelecida tentei aprofundar um pouco mais sobre mim, revelar o que sempre escondi, os meus medos, receios, paranoias, tristezas, dúvidas. Durante algum tempo os amigos tentaram ajudar-me a ver o mundo de uma maneira diferente, tentaram-me tornar mais otimista mas...para quem sempre foi uma pessimista mascarada...a volta não foi total e por vezes...a depressão é tão sentida que não consigo sair dela.

Deparei-me então com os vários tipos de amigos. Há aqueles que só me querem se estiver sempre bem-disposta e cheia de garra para vencer os obstáculos, há aqueles que não acreditam que eu possa estar verdadeiramente deprimida, os que acham que eu cruzei os braços e nada faço por mim, aqueles que acham que os meus pedidos de ajuda são apenas apelos por atenção, e ainda há aqueles que não me reconhecem e afirmam que eu não sou assim.

Tenho de lutar, são os conselhos constantes, lutar e vencer como toda a gente. Todos têm problemas e eu...nem me posso queixar muito (na opinião deles, claro! porque tenho teto, cama, roupa lavada e não me falta comida). Por um lado sei que têm razão, há quem esteja muito pior que eu e mesmo assim...acorda todos dias para lutar e tentar vencer  vida. 

Como explicar que o que me falta não são os bens materiais mas...os que não se veem! Como diria o poeta, o que me dói, o que me faz falta...são essas coisas bonitas que não existem no meu coração!

Portanto tenho duas possibilidades, ou mostro quem realmente sou e perco os amigos que conquistei ou...volto a colocar a máscara do "tá tudo bem" e assim sinto-me mais acompanhada mas mais só!

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