quinta-feira, 22 de março de 2012

Relação a dois?

Quanto mais penso sobre o assunto...mais confusa fico! Sempre achei que as ditas "relações" bdsm eram feitas a dois e para prazer dos dois mas...depois e tanto ler e ouvir...afinal acho que só uma parte ganha com elas: o/a Dominador/a.

Pensei que o intuito da relação era o de ambos crescerem a aprenderem um com um outro, coisas diferentes mas mesmo assim aprenderem juntos, ultrapassarem limites juntos...tudo juntos. Outra coisa que sempre me fascinou foi o diálogo tanto aclamado, tudo seria discutido, negociado e renegociado. O São, Seguro e Consensual estria sempre presente e...aplicável a ambas as partes. Adorei a ideia que em bdsm não há lugar à mentira, temos sempre de ser verdadeiros para que a relação possa funcionar. Mas...descobri recentemente que isso...é apenas teoria e...pouco sustentável!

Nos primeiros encontros é normal discutirem-se limites, expectativas, objetivos e, às vezes, até métodos. Achava eu que era a mais perfeita forma de iniciar uma relação! Mas a verdade é que na prática...é conversa da treta! Pouco a pouco...vamo-nos apercebendo que a realidade não é bem assim e que tudo o que foi combinado inicialmente pode-se alterar a qualquer momento. Aos poucos os direitos e as expectativas das subs deixam de existir, muitas vezes o único direito que se mantém é o de sair da relação e, mesmo esse, tem de ser com autorização do Dom! Há que pedir o desencoleiramento.

O Dominador mantém o discurso que o que faz é para a sub crescer e tornar-se numa pessoa melhor mas....pergunto eu...em quê? Ao discutir este assunto com os meus amigos baunilhas o primeiro obstáculo mental que me surgiu foi quando me questionaram: "Mas quem é ele para saber o que é melhor para ti, para escolher o teu futuro, e que qualificações possui?" Tentei explicar que são pessoas com experiência, sabedoria e sensíveis o suficiente para saberem se estão, ou não, a contribuir para a minha felicidade e bem-estar. Todos os presentes, olharam para mim e...riram-se!

Na prática a sub existe apenas e só em função do Dominador, existe para o servir e fazê-lo feliz, só o prazer do Dominador conta. Durante algum tempo a sub até pode se realizar com essa função, nada me dá mais prazer do que saber que consigo satisfazer os desejos do meu Dom, fazê-lo feliz é a minha ordem de comando. Mesmo sem compreender o porquê de determinados desejos eu...tento cumpri-los o melhor que sei, porque confio que é também o melhor para mim.

O problema, para mim, chega quando todo o meu prazer deriva do prazer do outro quando não realidade nem todo advém dele! Se eu quero ser feliz há que admitir que nem toda a minha felicidade vem do prazer do meu Dom! Há coisas que lhe transcendem, há coisas que a ele lhe podem dar grande gozo e prazer e a mim...que o faço a pensar nele, no fundo...causam-me algum dor porque, de uma forma ou outra, não estou preparada para o fazer, nem nunca o quis fazer! Assim como há coisas que sempre me deram prazer e agora passo a estar inibida de as fazer.

É como no trabalho, faço o que tenho de fazer, agradar as chefias e ao patrão é sempre uma vontade, para não dizer obrigação, mas...se não for compensada pelo meu esforço...ou perco qualidades como funcionária ou, na pior das hipóteses, rescinde-se o contrato.

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